Crise no Nepal: juventude usa Discord para escolher novo governo interino

Sushila Karki foi confirmada como primeira-ministra interina Foto: reprodução X

O Nepal tornou-se palco de um dos movimentos de juventude mais impactantes dos últimos anos. Impulsionados por membros da chamada Geração Z, Jovens manifestantes protestaram massivamente contra a corrupção, o nepotismo e uma medida governamental que bloqueou dezenas de plataformas de redes sociais. Em poucos dias, os protestos tiveram desdobramentos que vão desde confrontos sangrentos com a polícia até uma eleição online para definir uma liderança interina. O resultado levou à nomeação de Sushila Karki, ex-juíza-chefe, como primeira mulher a ocupar o cargo de Primeiro-Ministro interina no país. Não há confirmação se eleição via rede social teve influência, mas Sushila Karki acabou confirmada como nova primeira-ministra interina. O estopim foi a proibição/ bloqueio de diversas plataformas de redes sociais populares no país asiático como Facebook, X (antigo Twitter), YouTube e outras, sob alegações oficiais de que essas plataformas não haviam se registrado conforme uma nova lei de regulamentação. Para muitos jovens, a medida foi entendida como censura e ataque à liberdade de expressão. Essa insatisfação concentrou-se especialmente entre a Gen Z, que já usava redes sociais para denunciar corrupção e desigualdade. País em ebulição Os protestos se expandiram rapidamente, principalmente na capital Kathmandu, mas também em outras cidades, reunindo milhares de jovens manifestantes. As forças de segurança reagiram com gás lacrimogêneo, canhões d’água, balas de borracha e, em alguns casos, com tiros de munição letal. Ao menos 19 pessoas morreram nos confrontos iniciais. Em meio à pressão pública, o governo suspendeu o bloqueio das redes sociais. Eleição no Discord Aproveitando a proibição temporária de redes sociais e a sede de participação política, grupos organizados de jovens transformaram o aplicativo Discord em espécie de fórum de deliberação.

Mais de 100.000 pessoas se reuniram em servidores criados por ativistas, como o grupo Hami Nepal, para debater, indicar candidatos e votar em nome de uma liderança de transição. Entre os nomes mais mencionados estavam Sushila Karki, o jovem político como Sagar Dhakal, além de influenciadores e figuras conhecidas no país. Em votação, Karki emergiu como a escolha preferida. Ela acabou sendo oficializada como líder interina. Sushila Karki Histórico: Sushila Karki foi a primeira mulher a ocupar o cargo de juíza-chefe no Nepal, nomeada em 2016. É reconhecida por sua postura firme contra corrupção. Expectativas: os manifestantes veem nela alguém com integridade para liderar uma transição governamental, investigar os casos de abuso durante os protestos, restaurar liberdades civis e convocar novas eleições.