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Datafolha: maioria dos motoristas da Uber rejeita carteira assinada no Brasil

Motoristas priorizam autonomia e pedem apoio para renovar veículos, sinalizando que a pauta vai além da carteira assinada no debate trabalhista

Celular com tela inicial do aplicativo da Uber
Foto: divulgação/Uber

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha divulgada nesta quinta-feira (30) mostra que seis em cada dez motoristas da Uber no Brasil não querem ter carteira assinada, apesar da pressão crescente por regulamentação do trabalho por aplicativos. O levantamento revela que, para grande parte desses profissionais, a flexibilidade e o controle da própria rotina têm mais peso do que os benefícios tradicionais de um contrato CLT. De acordo com o levantamento, a preferência pela autonomia está diretamente ligada ao modelo de vida construído pelos motoristas ao longo dos últimos anos. Para muitos, dirigir por aplicativo virou uma alternativa de renda que permite ajustar horários, dividir o tempo com outras atividades e aumentar ganhos em períodos de maior demanda. Na avaliação dos entrevistados, a carteira assinada poderia engessar essa dinâmica, reduzindo liberdade e impondo metas ou jornadas fixas. A pesquisa surge em meio a um debate nacional sobre a regulação das plataformas digitais, tema que avança no Congresso e impacta diretamente milhões de trabalhadores. Propostas recentes incluem a criação de um modelo híbrido, que garanta direitos como previdência e seguro sem descaracterizar a autonomia.

A pesquisa foi realizada com 1.800 trabalhadores de todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Maioria da classe é formada por homens O levantamento revela um perfil majoritariamente masculino. Além disso, 92% dos condutores tem idade média de 40 anos e forte responsabilidade familiar: nove em cada dez são chefes de família e sustentam, em média, duas pessoas. Para 55%, o aplicativo já é a principal ou única fonte de renda, e 69% ganham até dois salários mínimos líquidos. Mesmo assim, o vínculo com a atividade é sólido: 72% planejam continuar dirigindo, mesmo com ganhos apertados e desafios financeiros. Insegurança Quase metade dos motoristas (49%) aponta o custo de manutenção do carro como maior preocupação, à frente do medo de assalto (37%) ou da falta de renda por acidente ou doença (36%). Diante desse cenário, a demanda central para uma eventual regulamentação não é carteira assinada, mas apoio para renovação e troca de veículos, prioridade para 52% dos entrevistados. Em seguida vêm o pedido por não interferência estatal na dinâmica de trabalho (21%) e a proposta de um modelo próprio de previdência para a categoria (17%).




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